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ARKIRVE- ARQUIVO HISTÓRICO DE RIO VERDE-MS. Por Paulo Sérgio Rodrigues

1850 - Escravos são hipotecados em Paranaíba

 


1850 - Escravos são hipotecados em Paranaíba



Prática corriqueira durante a escravidão negra no Brasil, José Garcia Leal, chefe político de Paranaíba, aceita escravos como garantia de dívida, nos termos do seguinte documento:

Saibam quantos virem este público instrumento de Escritura de Hipoteca que sendo no ano do Nascimento de nosso Senhor Jesus Cristo de mil oitocentos e cinquenta, Vigésimo nono da Independência e do Império, aos seis dias do mês de março do dito ano, neste Distrito de Santana do Paranaiba, termo da vila de Poconé, em o escritório de mim Escrivão do Juizo Municipal abaixo assinado com as testemunhas apareceram presentes, e pessoalmente o cidadão Joaquim Lemos da Silva e sua mulher Dona Eufrasia Maria da Silva, pessoas reconhecidas de mim pelos próprios de que trato e dou fé, e por eles me foi dito que se constituíram devedor do Capitão José Garcia Leal da quantia de setecentos e quarenta e sete mil, trezentos e trinta reis, em moedas correntes proveniente de outra igual quantia que receberam emprestado e em alguns gêneros que lhe compraram e como não lhe pode pagar no presente tempo a referida quantia, e que já se acha vencida; para (sic) da dívida e de seu credor, haviam por bem hipotecar dois escravos (ao dito senhor José Garcia Leal, seu Credor) ambos de nomes Joaquim Crioullos, um de idade de oito anos, mais ou menos, e outro de idade de dezesseis anos, mais ou menos, e uma pequena casa coberta de capim e quintal sem arvoredos, cujos escravos e casas se acham livres de outra qualquer escritura de hipoteca e se obrigarão a não traspassar  e nem atear os ditos livres enquanto não houverem pago a referida quantia que se obrigavam a satisfazer desta data a dois anos e logo pelo outorgado Capitão José Garcia Leal foi dito que aceitava a hipoteca nos referidos bens em qualidade de credor, bem como todas as mais condições declaradas, e depois de escrita, e lida esta por mim Tabelião Público perante as testemunhas digo perante os contratantes, e por eles outorgados assinaram em presença das testemunhas, e a rogo de Dona Eufrasia Maria da Silva. Assinou Andalício da Silva Bitancourt igualmente de mim reconhecidas de que dou fé de mim Luiz Ferreira Gomes Escrivão do Juizo Municipal que o escrevi.

pesquisas do jornalista Sergio Cruz



FONTE: Fundação Cultural Palmares, "Como se de ventre livre nascido fosse...", Arquivo Público Estadual, Campo Grande, 1994, página 331.

FOTO: aspecto da escravidão no Brasil. Reprodução meramente ilustrativa.

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